quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"Somente aquele que te fere pode te fazer sentir bem." ("Erotica", Madonna)

Caro leitor, contarei a você a história do escravo e do senhor de engenho. Era uma vez, num reino distante, um negro que estava viajando pelos mares em direção ao Novo Mundo. Após uma viagem cansativa, ele chegou a um engenho comandado por um homem que lhe pareceu ser um homem de confiança. O senhor de engenho lhe prometeu roupas novas, um quarto para dormir, um salário, enfim... tudo o que o jovem negro precisava em troca de trabalhar no engenho. Após se instalar no engenho, o negro dormiu profundamente e mal podia esperar para mudar de vida, graças àquele bom homem. No dia seguinte, o jovem negro percebeu que a vida no engenho não era o que ele esperava. O alojamento onde ele dormia era bom, mas o resto... Ele não estava acostumado ao trabalho pesado que este lhe exigia, fora as condições climáticas. Por muitas vezes, o senhor de engenho o castigava por não produzir o necessário para enriquecer os seus bolsos. Após tanto sofrimento, o jovem negro decidiu fugir. Estava decidido a não sofrer mais nas mãos daquele terrível homem. Ele vagou por muitos lugares, dormiu no chão inúmeras vezes, não tinha o que comer. E sempre que as coisas estavam difíceis ele voltava para o engenho, porque lá tinha, pelo menos, uma cama macia para descansar. E a história se repetia! Ele trabalhava, era castigado, fugia, voltava, trabalhava, era castigado, fugia, voltava, trabalhava, era castigado,... A vida fora do engenho pareceia-lhe mais difícil do que a do engenho. Mas ele não conseguia perceber que, mesmo sem benefícios como uma cama, comida e etc, a vida fora do engenho era melhor do que a que ele tinha dentro do engenho, pois não apanhava todos os dias. Foi então que ele percebeu uma coisa: ele era sádico! Sim, sádico, porque era ele quem voltava todas as vezes, mesmo sabendo que iria apanhar. Ele gostava de sofrer, de ser humilhado e ridicularizado pelo senhor de engenho que fazia de tudo para reduzir a auto-estima do pobre negro. Esta história não tem um final ainda. Todas as vezes, nós nos deparamos com um senhor de engenho que nos sodomiza, nos faz sofrer, nos humilha, fere nossa dignidade. Mas a pergunta que eu quero deixar-lhe é: vale a pena ter a auto-estima e a dignidade feridas para ter um pouco dos benefícios que os senhores de engenho nos oferece; ou é preferível fugir, deixando todos os benefícios para trás e seguir um outro caminho? Até que ponto nossa dignidade pode suportar a sodomia que nós mesmos nos impomos?


Posted by:

Samantha Jones

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